A reprodução humana é um processo reprodutivo complexo que, para a maioria dos casais, pode ocorrer de maneira natural, por meio de relações sexuais. Para que a gravidez ocorra de maneira natural, os sistemas reprodutivos do homem e da mulher devem estar funcionando perfeitamente.
Durante o ato sexual, óvulo e espermatozoide se encontram nas tubas uterinas para que ocorra a fecundação. O óvulo fecundado dará origem a um embrião, que será conduzido, através das tubas uterinas, até a cavidade uterina, onde se implantará no endométrio, o tecido que reveste o útero, para que a gestação se desenvolva.
Mas nem sempre é possível obter uma gravidez de sucesso pelos meios naturais. Nesse momento, os casais podem recorrer à reprodução humana assistida.
O que é reprodução assistida?
A reprodução humana assistida é uma área da Medicina que auxilia os casais que, por algum motivo, têm dificuldades para iniciar sua jornada para realizar o desejo da maternidade e paternidade. No Brasil, calcula-se que até 15% da população seja infértil.
A reprodução humana pode tratar da infertilidade masculina, identificando se ela existe e quais são suas causas, além de oferecer um tratamento que auxilie na recuperação da capacidade reprodutiva do homem.
Além disso, ela também investiga possíveis causas de infertilidade feminina, que podem ser várias, e orienta sobre o tratamento mais indicado conforme as condições diagnosticadas.
A reprodução humana assistida compreende um conjunto de técnicas que possibilitam que a concepção ocorra, contribuindo para o diagnóstico e o tratamento em casos de infertilidade, idade avançada, casais homoafetivos que desejam ter filhos biológicos, produção independente e planejamento familiar, reduzindo o risco de doenças genéticas.
Quando procurar uma clínica de reprodução assistida?
Quando um casal percebe problemas para engravidar naturalmente, o primeiro passo é buscar ajuda de um especialista em reprodução humana. Um tratamento de reprodução humana assistida deve ser buscado quando há um diagnóstico de doenças que dificultam a gestação ou em casos que a gravidez não ocorre no período de um ano por meio das relações sexuais sem uso de métodos contraceptivos, caso a mulher tenha até 35 anos. No caso de mulheres com mais de 35 anos, esse tempo não deve exceder seis meses.
Inicialmente, o especialista fará uma investigação completa do casal para tentar descobrir a causa da infertilidade e qual tratamento tem maiores chances de sucesso. Na primeira consulta, o médico faz uma série de perguntas ao casal, como tempo de tentativa, gestações anteriores, abortos, doenças associadas, casos de infertilidade na família, tratamentos anteriores de infertilidade, entre outras.
Vale ressaltar que, entre as mulheres, as principais causas de infertilidade são:
- Idade acima dos 35 anos;
- Endometriose;
- Infecções;
- Dificuldades ou distúrbios de ovulação;
- Síndrome do ovário policístico;
- Alterações na tireoide;
- Abortos de repetição;
- Miomas;
- Menopausa precoce;
- Alterações das trompas.
Já entre os homens, os principais fatores que podem dificultar uma gravidez incluem:
- Azoospermia (ausência de espermatozoides no sêmen);
- Pouca mobilidade dos espermatozoides ou espermatozoides anormais;
- Vasectomia;
- Varicocele;
- Infecções sexualmente transmissíveis (ISTs);
- Disfunções hormonais.
Exames solicitados pelo médico para investigar a infertilidade
Para as mulheres, a investigação da infertilidade é feita por meio dos seguintes exames:
- Ultrassonografia transvaginal;
- Histerossalpingografia (exame das trompas);
- Medição das dosagens hormonais (FSH, LH, estradiol, progesterona, prolactina, TSH, T4 livre);
- Exame anti-mülleriano (avalia a reserva ovariana).
Para os homens, são solicitados:
- Espermograma;
- Dosagens hormonais;
- Teste de fragmentação do DNA espermático;
- Ultrassom da bolsa testicular.
Esses são exames obrigatórios na investigação básica do casal infértil. Claro que, de acordo com a história clínica do casal, exames de investigação complementar devem ser realizados, de forma individualizada.
Tratamentos de reprodução assistida
A reprodução humana assistida costuma contar com técnicas de fertilização para que a concepção e a fecundação possam ocorrer.
O procedimento indicado varia caso a caso e é definido entre o casal e o médico. Atualmente, as principais técnicas são:
Fertilização in vitro: consiste na realização da fecundação entre óvulo e espermatozoide em laboratório. Este tratamento tem início com a estimulação da ovulação, por meio de medicamentos hormonais, para auxiliar o corpo da mulher a produzir óvulos extras. Ao atingirem o tamanho adequado, os folículos estarão prontos para serem retirados dos ovários. Assim, a mulher recebe nova dose de hormônios para completar a maturação dos óvulos. Quando ela ocorre, os folículos são captados dos ovários por meio de uma punção. Em seguida, os espermatozoides também são coletados. Óvulos e espermatozoides são levados ao laboratório para que ocorra a fecundação. Após alguns dias que o embrião foi gerado, ele é transferido ao útero para que a gestação se desenvolva. É uma técnica mais complexa, porém, é a que apresenta melhores chances de gestação – até 60%, dependendo da idade da mulher.
Inseminação intrauterina: nesta técnica, o sêmen é coletado em laboratório e, depois, preparado e inserido no útero por meio de um cateter, com o objetivo de aumentar a chance de fecundação pelos espermatozoides. Neste procedimento também ocorre a estimulação ovariana, por meio de hormônios, para aumentar as chances de gestação. A inseminação é um procedimento mais simples e suas chances de sucesso dependem da idade da mulher e do seu quadro clínico. Geralmente, entre 23 e 25% em mulheres com até 34 anos; entre 14 e 15% em mulheres com idade entre 35 e 39 anos; e entre 1 e 3% em mulheres com mais de 40 anos.
Coito programado: este tipo de tratamento é considerado de baixa complexidade e consiste na realização da indução da ovulação por meio de medicamentos. No decorrer do tratamento, são realizadas ultrassonografias, a cada dois ou três dias, com o objetivo de acompanhar o crescimento dos folículos. Quando estes atingem o tamanho ideal, o casal é orientado a ter relações sexuais com maior frequência.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI): é bastante semelhante à fertilização in vitro, porém, nela, apenas um espermatozoide, selecionado em laboratório, é inserido no óvulo com uma pequena agulha. Quando o embrião é formado, ele é transferido ao útero. Trata-se de uma técnica mais complexa, indicada, principalmente, para homens com alterações consideradas significativas nos espermatozoides ou mulheres com baixo números de óvulos.
Outros casos em que a reprodução assistida pode ajudar
Os tratamentos de reprodução humana não são apenas indicados para casais com dificuldades de conseguir engravidar. Eles podem auxiliar na conquista de formar uma família em outras situações, como, por exemplo:
- Mulheres ou homens sem parceiro sexual: nesses casos, as mulheres precisam contar com a doação de sêmen, e o homem, com uma doadora de óvulos e da chamada barriga solidária, a mulher que vai gestar o bebê;
- Casais homoafetivos masculinos e femininos;
- Casais que desejam engravidar, mas que possuem histórico de doenças genéticas na família. Neste caso, é possível realizar uma análise genética do embrião (esse exame só pode ser feito quando o tratamento é realizado pela técnica de fertilização in vitro) para que seja possível escolher o embrião geneticamente mais saudável, reduzindo as chances de desenvolvimento de doenças hereditárias e aborto;
- Mulheres que desejam uma gravidez futura ou que precisam adiar o sonho da maternidade em decorrência de alguma doença, como um câncer. Nestas situações, é recomendado o congelamento de óvulos, para que sua qualidade seja preservada até que a mulher se decida pelo melhor momento de engravidar.
O que faz uma clínica de reprodução assistida?
Os médicos especializados em reprodução humana atuam no diagnóstico e nas diferentes técnicas de tratamento. A especialização e a experiência dos profissionais, assim como a infraestrutura oferecida, são fatores que contribuem para a segurança e o sucesso de um tratamento e para a conquista do sonho de formar uma família.
Além do custo-benefício, avalie também as referências da clínica, o rigor técnico e ético com o qual atuam, a qualificação e a experiência do corpo clínico e, tão importante quanto, o acolhimento e o cuidado integral dos pacientes.
Fontes
Rede D’Or São Luiz
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida
Grupo Huntington