A infertilidade é definida como a incapacidade de conseguir uma gestação de sucesso após pelo menos um ano de tentativas, sem o uso de métodos contraceptivos, no caso de mulheres com até 35 anos. Nas mais velhas, esse período de tentativas não deve ultrapassar seis meses.
No Brasil, estima-se que aproximadamente dois milhões de casais venham a apresentar algum tipo de dificuldade ao longo de suas vidas reprodutivas. A infertilidade afeta cerca de um a dez casais em idade fértil. Em geral:
- 20% dos casos são devidos à infertilidade do homem e da mulher, simultaneamente;
- 30% dos casos as causas de infertilidade estão no homem;
- 30% dos casos as causas de infertilidade estão na mulher;
- 10% dos casos não têm causas conhecidas.
Estima-se que 15% dos casais após tentarem a gravidez pelos métodos naturais irão precisar de assistência médica especializada. Os tratamentos de reprodução assistida têm evoluído nos últimos anos, com a criação de técnicas cada vez mais modernas e que aumentam as chances de gestação. Dentre elas, destaca-se a chamada Super-ICSI ou IMSI.
Para entendê-la, vamos explicar o que é a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide). Trata-se de uma técnica, utilizada desde a década de 90, nos tratamentos de fertilização in vitro (FIV), que consiste na introdução de um único espermatozoide selecionado dentro do óvulo, em laboratório. Dessa forma, os espermatozoides que não conseguiriam chegar ao óvulo em função de sua baixa mobilidade são capazes de gerar um embrião.
A técnica utiliza um microscópio de alta potência e resolução para avaliar individualmente cada espermatozoide, que posteriormente é injetado no citoplasma do óvulo por um micromanipulador de gametas, um aparelho especial, também de alta precisão.
Em 2001, com o avanço das tecnologias voltadas para a medicina de reprodução, especialmente na microscopia, foi desenvolvido um novo método de avaliação: a Super-ICSI.
A Super-ICSI, conhecida também como IMSI (injeção intracitoplasmática de espermatozoide selecionado morfologicamente) é um tratamento semelhante à ICSI convencional, mas que possibilita uma visualização mais precisa do espermatozoide a ser injetado no óvulo. Esta técnica possibilita um aumento superior a 6.300 vezes dos espermatozoides – na ICSI convencional, esse aumento é de 400 vezes. Isso faz com que a escolha do espermatozoide seja feita de forma mais cuidadosa, garantindo que o utilizado é sempre o melhor entre os que estão disponíveis.
Qual a diferença entre fertilização in vitro e Super-ICSI?
Como explicado, a Super-ICSI é um método utilizado no tratamento de fertilização in vitro que aumenta as chances de sucesso na gestação. Ele difere da FIV clássica, basicamente, em um ponto: nesta, vários espermatozoides são colocados em contato com os óvulos para que a fecundação ocorra. Na Super-ICSI, apenas um espermatozoide é injetado no interior de cada óvulo.
Quais os benefícios da Super-ICSI?
Com a técnica, é possível analisar o espermatozoide morfologicamente (cabeça, peça intermediária e cauda), visualizando os chamados vacúolos (estruturas deletérias ao espermatozoide) existentes principalmente na cabeça do espermatozoide.
Estes vacúolos são prejudiciais, pois podem causar lesões na cromatina espermática, má função mitocondrial e maiores taxas de aneuploidias, interferindo assim na integridade do embrião já formado e acarretando menores taxas de gestação, maiores taxas de abortos e transmissão de alteração genéticas ao embrião.
A técnica também é usada para fazer análises morfológicas nos exames de espermograma e ajuda no diagnóstico da infertilidade masculina.
Para quem a Super-ICSI é indicada
Esta é uma técnica bastante complexa, indicada apenas para alguns casos. Estes incluem:
- Fator masculino grave (quando a quantidade ou motilidade dos espermatozoides é muito baixa);
- Falhas de implantação embrionária;
- Baixa qualidade embrionária;
- Mulheres com baixa reserva ovariana;
- Porcentagem de fragmentação do DNA espermático anormal;
- Abortos de repetição;
- Para homens que fizeram vasectomia e que não desejam passar por uma cirurgia de reversão do procedimento. Nesses casos, o espermatozoide é obtido por meio da extração direta dos testículos e epidídimos.
Vale destacar que, para a paciente, não há nenhuma diferença entre uma ICSI e uma Super-ICSI. A diferença está no procedimento interno da clínica de reprodução humana, pois os protocolos e o preparo do laboratório mudam de uma técnica para a outra.
Na ICSI convencional, por exemplo, o espermatozoide é visualizado por meio de um microscópio. Já na Super-ICSI, a imagem do microscópio é projetada para uma tela de 40 polegadas, o que permite maior detalhamento e observação dos espermatozoides.
Como é feita a Super-ICSI?
A sequência do tratamento da Super-ICSI ocorre da mesma forma que na ICSI convencional. Os embriões formados são cultivados em laboratório e transferidos para o útero. O estágio dos embriões para transferência, assim como a quantidade, é determinado de acordo com as características do casal, portanto o estudo é individualizado.
A primeira etapa do tratamento é a administração de medicamentos hormonais na paciente para estimular a produção dos óvulos. Esses óvulos são monitorados por ultrassom, pelos médicos, a cada dois ou três dias, para que se acompanhe seu desenvolvimento. Quando eles se encontram maduros, são coletados. Este procedimento é feito em centro cirúrgico, com sedação leve.
O médico faz a punção dos óvulos por meio de uma agulha que atravessa a parede interna da vagina, vai até o ovário e retira os óvulos, que são levados em seguida para o laboratório. Lá, os embriologistas avaliam os óvulos e os que apresentam melhor qualidade ficam incubados até serem fertilizados.
Enquanto isso, os espermatozoides também são preparados. A maior parte dos procedimentos é feita a fresco, com a coleta sendo realizada no dia. Caso seja utilizado sêmen de doador anônimo, este é descongelado e preparado para a fecundação.
Apenas um espermatozoide é escolhido para cada óvulo. Por isso, a Super-ICSI é fundamental para garantir que aquele selecionado realmente apresenta a melhor chance de sucesso na fecundação.
Depois que ocorre a fertilização, o embrião fica na incubadora até ser transferido para o útero, no terceiro ou quinto dia. No dia da transferência, a paciente está com o útero preparado para receber os embriões. O processo de transferência é bastante simples e realizado na própria clínica. Dura em torno de 20 minutos e não requer repouso – a paciente pode retomar suas atividades de rotina assim que finalizado o procedimento.
Chances de sucesso da Super-ICSI
Alguns estudos apontam que os resultados de fertilização in vitro com a Super-ICSI chegam a 60%, um aumento significativo se comparado aos da ICSI convencional, que varia entre 30 e 45%.
Porém, as taxas de sucesso variam conforme alguns fatores, como idade da mulher, qualidade dos óvulos e espermatozoides, qualidade dos embriões e técnica do embriologista.
Quanto custa a Super-ICSI no Brasil?
O preço do tratamento pela técnica de Super-ICSI dependerá de vários fatores, que incluem os medicamentos utilizados para a estimulação ovariana, experiência da equipe, infraestrutura da clínica, entre outros.
Apesar de os valores serem um fator importante na hora da escolha da clínica de reprodução assistida, eles não devem ser o principal, pois antes de mais nada é preciso ter assegurada a segurança na realização do procedimento.
É importante analisar os benefícios oferecidos pela clínica, o local, a equipe médica envolvida, quais itens estão incluídos no preço – se possível, faça uma visita, peça para conhecer o local, conversar com a equipe e, assim, esclarecer todas as suas dúvidas.
Onde fazer o tratamento
A Super-ICSI ou IMSI não é realizada como procedimento de rotina nas clínicas de reprodução assistida. Deve ser aplicada em casos selecionados, por profissionais altamente capacitados e experientes na técnica, e em um ambiente com infraestrutura adequada.
O Centro de Reprodução Humana Santa Joana tem como objetivo oferecer aos pacientes com problemas de infertilidade um tratamento que atenda a critérios internacionais de qualidade.
Para isso, conta com uma grande equipe especializada no atendimento, pesquisa, prevenção e tratamento da infertilidade. Com localização estratégica, a unidade possui instalações com os mais avançados recursos e excelente infraestrutura, o que garante segurança e eficiência em todos os procedimentos realizados.
O Centro de Reprodução Humana Santa Joana faz parte do Grupo Huntington, uma das mais conhecidas clínicas de reprodução humana do Brasil e que, desde 2017, passou a integrar o Grupo Eugin, um dos líderes mundiais em reprodução assistida. São mais de 1.500 profissionais e 30 clínicas ao redor do mundo, em nove países.
A presença internacional do Grupo Eugin torna possível uma intensa troca de conhecimento entre sua equipe multidisciplinar e instituições parceiras de renome mundial, como a Universidade Pompeu Fabra, em Barcelona. Isso permite que nossas clínicas sejam pioneiras em pesquisa, desenvolvimento e inovação, sempre com olhar atento para as necessidades individualizadas de cada um dos nossos pacientes.
Fontes:
Centro de Reprodução Humana Santa Joana
Grupo Huntington
Sociedade Brasileira de Reprodução Assistida